Reconstrução com tecido autólogo

Esta técnica pode ser empregada para as pacientes que tem indicação de retirada total da mama (mastectomia) ou parcial (setorectomia ou quadrantectomia), quanto para aquelas pacientes que já fizeram uma cirurgia mamária prévia para tratamento do câncer sem reconstrução. É realizada com o emprego de um tecido próprio da paciente que vem transferido de uma região distante corpo para a mama.

Como é feita: Envolve a reconstrução com transferência de uma ilha de pele que deve ser nutrida por um músculo do seu próprio organismo. Existem 2 técnicas que são as mais empregadas: aquela com o músculo do abdome, que é conhecida como TRAM, e aquela do músculo das costas, a do grande dorsal. Existem também técnicas que empregam microcirurgia, onde podem ser evitadas algumas sequelas musculares, mas exigem um tempo operatório mais prolongado e equipe tecnicamente treinada.

Quais as vantagens

A reconstrução com o seu próprio tecido não possui o risco de rejeição, como ocorre com os expansores e próteses. No caso da técnica que usa o músculo do abdome (TRAM), é realizada uma abdominoplastia, o que para algumas pacientes é visto como algo positivo e importante na decisão final. Os seus resultados são duradouros, pois o retalho se adapta às condições da paciente. Caso ela engorde ou emagreça, este efeito também é observado no retalho, o que não acontece com os implantes, onde o resultado não tem esta flexibilidade.

Quais os riscos: Os riscos estão relacionados à área doadora e à vascularização do retalho. No caso da cirurgia abdominal existe risco de hérnia, devido ao defeito resultante da falta do músculo, que pode ocorrer em cerca de 3-5% das pacientes. Também pode ocorrer a formação de uma ondulação no abdome, decorrente da fraqueza da parede. A técnica empregando o músculo grande dorsal não tem estes riscos, mas precisa geralmente ser associada a uma prótese, pois a área doadora das costas não tem a mesma quantidade de tecido gorduroso (que dá o volume) do que o abdome. As cicatrizes decorrentes de cirurgias envolvendo retalhos são maiores e podem ficar mais visíveis do que nas técnicas envolvendo próteses. Aparecem geralmente em pacientes com tendência a cicatriz queloide (grossa e elevada) ou hipertrófica (grossa) e podem ser corrigidas em um segundo tempo, após o término do tratamento oncológico. Também existe risco do ponto de vista da nutrição do retalho (entre 5 e 20%), que pode exigir curativos grandes e cuidados especiais, que podem durar meses. Estes riscos são maiores em pacientes tabagistas, irradiadas ou diabéticas.

Como é o pós-operatório: O pós-operatório exige mais cuidados e um tempo maior de internamento. Mas com as técnicas atuais de anestesia ele é, na maioria das vezes, indolor. Um pouco de desconforto pode existir no início, com a posição nos primeiros dias. Existem alguns cuidados especiais que devem ser tomados com a área doadora. Os drenos permanecem até que a quantidade de drenagem seja menor do que 50 cc. É necessário o uso de uma faixa abdominal (no caso da área doadora ser o abdome) durante 3 meses e de sutiã modelador noite e dia durante o primeiro mês. Devem ser evitados os movimentos amplos e bruscos dos braços, e também não levantar peso. A movimentação normal para alimentação e higiene pessoal é permitida e não causa prejuízo ao resultado final. As feridas cirúrgicas não devem ser molhadas nas primeiras 48h. Após este período, a paciente fica apenas com as fitas adesivas no local, que tem como objetivo reduzir a tensão e melhorar o aspecto final da cicatriz, ou com a cola cirúrgica. Elas podem ser molhadas durante o banho, sem problemas. É necessário apenas mantê-las secas. Recomenda-se não molhar a saída dos drenos até que os mesmos sejam retirados.