Tratamento

O câncer de mama é uma doença bastante heterogênea e apresenta vários subtipos que podem ter comportamentos e prognósticos diferentes. Assim, seu tratamento tende a ser individualizado, de acordo com as características de cada doença, como seu tipo histológico, grau, tamanho da lesão, localização na mama, sensibilidade ou não à manipulação hormonal, comprometimento dos gânglios axilares etc.

O tratamento consiste basicamente nas seguintes modalidades:

  1. Cirurgia;
  2. Quimioterapia;
  3. Radioterapia;
  4. Hormonioterapia;
  5. Terapia – alvo;
  6. Assinaturas Genéticas de acordo com o tipo tumoral
  7. Imunoterapia.

Na maioria das vezes o tratamento é iniciado com a cirurgia que visa a retirada ampla da lesão e avaliar o comprometimento dos gânglios axilares pela doença. Após a cirurgia são estabelecidas as indicações de quimioterapia, radioterapia e/ou hormonioterapia de acordo com as características patológicas e imuno-histoquímicas de cada tumor, e o tipo de cirurgia que foi realizada. Em algumas situações pode-se optar por iniciar o tratamento com quimioterapia, hormonioterapia e mais raramente a radioterapia. A realização da quimioterapia antes da cirurgia tem ainda a vantagem de poder observar a resposta da quimioterapia in vivo, e nos traz excelentes perspectivas especialmente quando a resposta patológica é completa (isto é, quando o tumor desaparece completamente com a quimioterapia).

O câncer de mama pode apresentar recorrência tanto no local da cirurgia (recidiva local), nas vizinhanças do local da cirurgia (recidiva regional) como em outros órgãos (metástase). Por isso o tratamento visa tanto tratar a doença atual como diminuir os riscos de recidiva da mesma.

Tratamento Cirúrgico:

A cirurgia consiste na remoção do tumor e na avaliação dos gânglios (linfonodos) da axila.  Os linfonodos axilares são geralmente o primeiro local para onde a doença se dirige ao sair da mama e devem portanto, ser avaliados durante a cirurgia.

A cirurgia pode ser conservadora, que consiste na retirada apenas do tumor com uma margem de tecido normal ao redor ou mastectomia, quando toda a glândula mamária é retirada.  Os resultados do tratamento com a cirurgia conservadora seguida de radioterapia são semelhantes aos da mastectomia. Portanto, a opção de preservar ou não a mama, depende de vários fatores sendo o principal a proporção entre o tamanho do tumor e o volume da mama.

Com relação à axila, e como já mencionado anteriormente, utilizamos a pesquisa do linfonodo sentinela para saber se há acometimento dos gânglios axilares pelo tumor. Se o linfonodo sentinela estiver acometido ou quando se tem o conhecimento prévio de seu comprometimento ou de algum outro linfonodo da axila, é realizada a retirada de todos os linfonodos axilares (esvaziamento axilar).

Os principais tipos de cirurgias utilizados no tratamento do câncer de mama são:

  1. Mastectomia simples: consiste na retirada de toda a glândula mamária e da pele que a reveste, incluindo a aréola e o mamilo.
  2. Mastectomia skin-sparing (ou mastectomia poupadora de pele): consiste na retirada de toda a glândula mamária, incluindo a aréola e o mamilo, mas preservando a maior parte da pele.
  3. Mastectomia nipple-sparing (ou mastectomia com preservação do complexo aréola-mamilo): consiste na retirada de toda a glândula mamária, com preservação de toda a pele que a reveste, e preservação da aréola e do mamilo.
  4. Mastectomia radical modificada: consiste na retirada de toda a glândula mamária com grande parte da pele que a reveste, associada à ressecção dos gânglios axilares. Esse tipo de cirurgia é geralmente realizado em doenças de grande volume e com comprometimento dos linfonodos axilares.
  5. Cirurgia conservadora (setorectomia): consiste na retirada do tumor, com uma margem de tecido normal (margem de segurança) ao redor. Nesta cirurgia a mama é preservada, sendo necessário, na maioria das vezes, complementar o tratamento com a radioterapia.
  6. Biópsia do linfonodo sentinela:

o linfonodo sentinela é o primeiro gânglio da cadeia axilar a receber a drenagem do tumor. Por isso, se este linfonodo não estiver comprometido pelas células tumorais, não é necessária a avaliação dos demais linfonodos axilares, e estes podem então ser preservados.

Para a identificação do(s) linfonodo(s) sentinela(s) normalmente realiza-se a injeção de azul patente e/ou marcação com radiofármaco na derme da pele da mama. O(s) linfonodo(s) são examinados imediatamente pelo patologista (exame de congelação), onde se tenta identificar a presença de tumor no gânglio, para ver se há necessidade de complementar a cirurgia com o esvaziamento axilar. O resultado da congelação condiz com o da patologia final em mais de 90% dos casos.