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Ressonância Magnética das Mamas

A ressonância magnética das mamas é uma técnica consolidada para a detecção e o diagnóstico precoce do câncer de mama, assim como para avaliação da resposta aos tratamentos instituídos. A principal característica é a alta sensibilidade na detecção do câncer de mama (superior a 95%). Mas é dessa característica, de detectar todas as lesões da mama, que advém a maior limitação: detecta também muitas lesões benignas, mas que necessitam de biopsia para excluir a possibilidade de tumor (especificidade de 85%). Dessa forma, a ressonância magnética tem indicações específicas, principalmente para as mulheres com maior risco de desenvolver ou com diagnóstico de câncer de mama.

Como é o aparelho de ressonância magnética?

O aparelho utiliza um campo magnético intenso para gerar as imagens, produzindo por grandes “imãs” (varia de 1.5 a 3 Tesla). São idênticos a túneis, com aberturas nas extremidades. Fornece imagens de qualquer órgão do corpo, com grande detalhamento, o revolucionou o diagnósticas das doenças, incluindo das mamas. 

Existem aparelhos de “campo aberto”, que possuem três lados abertos, dando maior conforto aos pacientes com claustrofobia. Entretanto, geram um menor campo magnético e não são adequados para as mamas.

Qual é o preparo para esse exame?

O exame de ressonância magnética é um procedimento simples e indolor. Não é necessário qualquer tipo de preparo prévio para a sua realização.

Mas como o aparelho é uma espécie de imã, após chegar ao centro de imagem, é solicitado a troca de roupa da paciente (para evitar botões metálicos ou zíperes) e retirada de todos os objetos removíveis de metal do corpo (como joias ou piercings, dentre outros). Se a paciente tiver aparelhos dentários não removíveis ou próteses de metal em outras regiões do corpo, não interferem no exame. 

Como é realizado o exame?

A paciente é posicionada em decúbito ventral (barriga para baixo). Não é necessário compressão nas mamas. Dura aproximadamente 20 a 25 minutos, sendo executado por um técnico de radiologia. Nesse tempo, são colhidas cerca de 1500 a 3000 mil imagens de acordo com protocolos específicos. Ao final, essas imagens são enviadas para uma workstation de alta resolução para serem estudadas pelo médico radiologista.

É necessário o uso de contraste endovenoso?

O contraste é fundamental para a ressonância das mamas. Isso porque, durante o exame, é avaliado o comportamento das lesões ao contraste. Lesões malignas captam o contraste já nos primeiros minutos após a injeção. Lesões benignas, assim como o tecido mamário normal, captam um mínimo de contraste, apenas nos últimos minutos do exame. Isso diferencia uma lesão benigna de uma maligna, com o auxílio de outros critérios morfológicos. 

O contrate utilizado é o gadolínio, bastante reconhecido pela eficácia na identificação dos tumores, além da baixa taxa de reações adversas. Importante citar que os efeitos colaterais são bem menos frequentes do que com o contraste iodado, amplamente utilizado na tomografia.

A única exceção para realizar um exame sem contraste é na avaliação específica dos implantes. Nesse caso, é imprescindível saber que não será estudado o tecido mamário, somente os implantes. Caso seja importante analisar os implantes e o tecido mamário, então será necessário o uso do contraste. 

Quais são as contraindicações desse exame?

A ressonância magnética tem poucas contraindicações, que devem ser observadas em exames de qualquer parte do corpo, incluindo das mamas:

  • Pacientes com marcapassos, implantes auditivos ou clipes de aneurisma que não sejam compatíveis com a ressonância magnética. Atualmente a maioria são compatíveis; 
  • História de reação alérgica ao gadolínio. Embora rara, pode ser observada em 0,07% dos exames realizados, devendo ser relatada nos exames subsequentes;
  • Insuficiência renal grave. Nesse caso, comunicar o médico do serviço que fará a avaliação caso a caso. 

Quais são as indicações para realizar esse exame?

Apesar da ressonância magnética ser um exame altamente sensível para a detecção do câncer de mama, é caro e pouco disponível. Portanto, existem indicações específicas:

Rastreamento em mulheres de alto risco para câncer de mama: esse grupo inclui mulheres com mutação nos genes BRCA; portadoras de síndromes que aumentam o risco de câncer de mama; pacientes submetidas a tratamento por linfoma de Hodgkin na infância e juventude; e mulheres com forte história familiar de câncer de mama (maior que 20% calculado pelos modelos matemáticos).

  • Estadiamento de paciente com diagnóstico de câncer de mama, para estabelecer a extensão da doença, em casos selecionados. Não é indicada para todas as pacientes. 
  • Avalição da resposta ao tratamento com quimioterapia em pacientes com diagnóstico de câncer de mama. Nesses casos é fundamental ter um exame prévio ao início do tratamento.
  • Avaliação dos implantes de silicone: quando houver suspeita de uma complicação, seja ela clínica, mamográfica ou ultrassonográfica, a ressonância pode auxiliar pela alta acuracidade.
  • Avaliação de achados inconclusivos na mamografia e ultrassonografia: essa é uma indicação que deve ser pouco utilizada, somente quanto todas as ferramentas já tenham sido utilizadas para a definição diagnóstica. A ressonância magnética não substitui a biópsia.

Quem deve solicitar esse exame?

O médico que solicita deve ser um mastologista ou ter um bom conhecimento sobre a mastologia. A clínica que a realiza o exame deve ter um setor especializado em mama e ter possibilidade de realizar ou encaminhar a paciente no caso de ser indicada uma biópsia orientada por ressonância magnética.

 

Dra. Linei Urban 

Médica radiologista responsável pelo setor de mama da Clínica DAPI, Curitiba

Coordenadora da Comissão Nacional de Mamografia do Colégio Brasileiro de Radiologia

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